domingo, 29 de março de 2009

Feel the Pain!

"Atravessar matas fechadas, enfrentar desertos sob um sol escaldante, escalar montanhas, pedalar na completa escuridão, subir e descer corredeiras de canoa, e tudo isso sem comer nem dormir direito. Assim são as Corridas de Aventura. Cuidado para não cair numa roubada como essa, se não você acaba gostando".
Hoje em dia, vivemos uma vida totalmente voltada ao conforto e comodidades que a urbanização e a tecnologia nos fornecem. Muitas vezes nem nos damos conta de como ela também nos consome e cada vez mais nos tornamos escravos desse estilo de vida, que gera o sedentarismo, o stress e as tensões do dia-a-dia que cada vez fazem mais vitimas.
No Brasil, somente em 98, tivemos uma primeira edição de o que era uma corrida de aventura, a primeira Expedição Mata Atlântica (EMA). Isso mesmo, há 11 anos atrás e repercutiu como a corrida de malucos, pois misturava diferentes modalidades por dias e noites ininterruptos. Porém o evento foi bem aceito pelo público e mídia, garantindo uma nova edição.
Mas o começo do esporte se deu no inicio da década de 80 na Nova Zelândia, onde os praticantes de corridas em montanha começaram a adicionar outros esportes e técnicas a modalidade, como o rapel, rafting, mountain bike, e canoagem. Logo em seguida surgiu baseado neste evento, a primeira corrida. O francês Gerard Fusil criou o Raid Gauloises. Em seguida surgiram os tradicionais Eco Challenge e Elf Autenthique.
Se você acha que não existe nada de radical em uma corrida de aventura, tente compará-la a uma prova de ironman, que consiste em um total de 226 km, divididos em 3 modalidades altamente explosivas a uma prova hoje do circuito mundial de aventura como o Ecomotion, com cerca de 500km. Além de modalidades de alto impacto, as equipes precisam estar lúcidas, ao longo de 4 a 7 dias de provas, ininterruptas, para traçar suas estratégias. E é o que faz a diferença na corrida de aventura.
As modalidades disputadas em uma corrida de aventura não são fixas e muitas vezes se adaptam às condições do local onde está sendo realizado, utilizando muitas vezes criatividade, trabalho conjunto, meios de locomoção tradicionais no local de prova, e outros. Provas como o Eco Challenge do Marrocos utilizou os camelos, que são comuns na região. Independente disso, toda corrida de aventura explora os limites dos participantes. Tanto físico como psicológico e trabalha principalmente a equipe como um conjunto.
O percurso a ser percorrido só é revelado aos atletas na hora da competição e toda a navegação é feita por bússolas e mapas, e a regra é bem simples: todo mundo sai correndo. Ganha quem chegar primeiro, passando pelos Postos de Controle (PC), que podem ser reais ou virtuais, com a composição completa na equipe.
Com o grande aumento no número de participantes, começaram a surgir corridas mais rápidas, de um fim de semana ou de apenas um dia, que a primeira vista parecem fáceis, mas ainda é preciso muita disposição para realizá-los. Projetos sociais - A corrida, muitas vezes, não visa simplesmente uma competição. Em algumas provas, é exigido que as equipes participantes realizem alguma atividade em prol da comunidade local. É uma espécie de projeto sócio-ambiental que tem como objetivo promover o intercâmbio entre a região explorada e os esportistas. Isto pode ser realizado através de doações, projetos de ensino, vacinação e até cursos de combate e prevenção de incêndios florestais. É enriquecedora não só para os participantes, como também às comunidades locais.
As regras da corrida, em geral, variam de competição para competição, uma vez que sofrem alterações segundo características do local onde é realizada. Hoje as competições oferecem provas para diversas categorias, como competidor solo, duplas, trios, quartetos e até quintetos. A elite, porém são equipes formadas por quatro competidores com pelo menos uma pessoa do sexo oposto. O objetivo é realizar o trajeto delimitado pela organização no menor tempo possível. Os integrantes de uma mesma equipe devem permanecer juntos durante toda a prova, não podendo se distanciar mais do que 100m um do outro, em momento algum. Ao longo do trajeto existem vários PC’s (Postos de Controle), que são locais de passagem obrigatória para as equipes competidoras e devem ser alcançados na seqüência determinada pelo organizador. Em algumas provas, cada time pode possuir uma equipe de apoio, que fica encarregada de entregar mapas, conferir os equipamentos obrigatórios, informações, alimentação e, quando necessário, providenciar abrigo. O encontro das equipes com os apoio acontecem nas chamadas AT's (Áreas de Transição), áreas que ocorrem trocas de modalidades esportivas e os competidores encontram seus equipamentos e provisões. Toda AT é um PC, mas nem todo PC é uma AT. Na EMA e nas etapas do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura, as equipes iniciam a competição numa mesma categoria, chamada Expedição, que é a categoria principal. Para permanecer nesta categoria é necessário chegar aos PC’s nos limites de horário preestabelecidos pelos organizadores. As equipes que não são capazes de chegar a tempo são classificadas em outras categorias: aventura e iniciantes. É essencial que todos os objetos levados pelos competidores sejam trazidos de volta, uma vez que nada pode ficar como lixo no meio do caminho, sendo a equipe flagrada, punida com a desclassificação. Tudo isso é avaliado pela organização quando a equipe cruza a linha de chegada. Caso um dos integrantes da equipe desista ou sofra algum acidente, ou acione o resgate, toda a equipe será desclassificada. A segurança da prova e individual do atleta é uma das maiores preocupações dos organizadores. Em todos os PC’s existe um controle feito nos atletas examinando suas condições físicas. Sempre há uma equipe médica de prontidão durante a prova. É fundamental também que cada integrante da equipe tenha a sua segurança e a de sua equipe como prioridade.

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