terça-feira, 31 de março de 2009

Misteriosa Pedra da Gávea

Um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro, A Pedra da Gávea está a 842 metros acima do nível do mar, atraindo montanhistas, escaladores, aventureiros e amantes da natureza em geral.
O santuário ecológico é, também palco de mistérios e lendas, que dividem estudiosos. O motivo da polêmica são as marcas cravadas no lado esquerdo da rocha: teriam elas sido provocadas pelo desgaste da natureza ou pela vontade deliberada de um povo antigo de homenagear seu imperador? Segundo esses, as marcas são, na verdade, inscrições gravadas por fenícios, povo que ocupou, durante a Antiguidade, a região que hoje corresponde ao Líbano.
As especulações em torno das misteriosas marcas na Pedra da Gávea começaram a ganhar força no século 19. Intrigado com relatos recebidos por um instituto de pesquisa, D. Pedro I promoveu expedições de historiadores e religiosos ao morro, em busca das inscrições. A equipe, no entanto, fez vários estudos, comparou os sinais cravados na rocha às escritas grega e hebraica arcaicas, mas não conseguiu comprovar nada.
O historiador e arqueólogo amazonense Bernardo Silva Ramos desenterrou o caso na década de 30 e foi conferir as marcas. De acordo com ele, elas formavam a seguinte frase: LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISINEOF RUZT. Lida de trás para frente: TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL. E, finalmente, traduzida do fenício, seria “Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de Jethbaal”. Badezir foi o filho do imperador fenício Jethbaal e, em 856 a.C., assumiu o trono real na cidade de Tyro.
Além disso, é possível reparar na forma de rosto humano que a pedra tem (veja a foto). A teoria que passou a ganhar força é: teria esse formato sido esculpido pelos fenícios como um monumento para guardar o túmulo de seu imperador?
Para a arqueóloga Rhoneds Perez, da UFRJ, o mistério fenício não passa de mito. “É uma lenda que traz um gosto de aventura. Aquelas marcas consideradas inscrições são, na verdade, resultado da erosão da natureza”, garante. Alguns místicos e pesquisadores, no entanto, juram que o formato e as marcas seriam produtos do trabalho de uma civilização antiga, que teria chegado ao Brasil muito antes dos portugueses.
O montanhista Átila Barros, que escalou oito vezes a Pedra da Gávea, escreveu um livro sobre a ligação fenícia (Badezir, um Ilustre Visitante). “Pesquisei durante dois anos documentos sobre essa história, entrevistei pesquisadores e montanhistas e acho que a pedra realmente tem uma conexão com a civilização fenícia. Não acho que ela guarde um túmulo, mas sim que tenha sido o palco de um ritual de cremação do imperador Badezir. Estudei os funerais fenícios e percebi que eles não enterravam seus mortos, mas os cremavam”, defende.
Para quem prefere acreditar nessa hipótese, uma dica é observar a série de pedras encaixadas no lado oposto ao das supostas inscrições, que tem um formato de portal ou altar. Verdade ou mentira, a Pedra da Gávea é até hoje um local místico, onde muitos esportistas dizem já ter visto discos voadores ou tido experiências sobrenaturais.

Navegar é preciso!

1ª dica – Faça uma boa leitura do mapa!!! “Leia e entenda bem o mapa. É importante conhecer e identificar as suas legendas e os seus símbolos.”
2ª dica – Confie na bússola!!! “A bússola sempre indicará o norte. Se você não estiver próximo a intervenções de campo magnético, a bússola nunca vai mentir.
3ª dica – Localização e referências: “Saiba onde você está. Você só sabe para onde vai, quando sabe onde está. As referências são importantes, é necessário ficar atento a elas. Use sempre uma referência que pode ser localizada no mapa. Ela auxilia a navegação
4ª dica – Altitude: “Em provas que se sobe bastante, é importante possuir um altímetro. Quando você precisa subir uma trilha ou achar algo, o aparelho é uma referência boa. Com ele, você tem a altura correta e sabe mensurar se está chegando ou não ao seu destino.”
5ª dica – Divisão de tarefas: “Divida com os seus companheiros o que vai acontecer. Desta forma, você não ficará com toda a responsabilidade para si. Por exemplo, se você precisa achar uma trilha à noite e está cansado, pode contar com mais três pessoas que também estão procurando, o que torna a tarefa mais fácil e rápida. Resumindo, a divisão é boa porque a equipe pode lhe ajudar a encontrar o caminho e faz com que o time participe mais e que não fique apenas seguindo. Com isso, o quarteto fica mais motivado a participar da prova.”
6ª dica –Treine sempre!!! “O treinamento é importante. Sem contar que a gente só aprende fazendo.

É preciso dominar esses passos para poder utilizar a estratégia!
Nora Audrá - Navegadora da Atenah

Porque escalar?

O que leva um ser humano a "desafiar" a lei da gravidade só para chegar ao cume de uma montanha? Tirar algumas fotos e depois descer? Maluquice? Vaidade? Ou falta do que fazer?
Todos se entusiasmam com algumas histórias que envolvem "aventuras" e "perigos", mas não sabem exatamente o que é escalar.
Escalar não é apenas o uso da força física e resistência para subir uma montanha, mas um trabalho psicológico que envolve paciência, controle, conhecimento, vontade e persistência, e no momento da escalada, "o mundo passa a não existir", tudo se apaga da mente restando apenas o instante vivido, seus medos e ansiedades, o controle dessas tensões que são potencializadas no momento da exposição, o lidar com essa situação é que possibilita o amadurecimento do escalador e o sucesso de suas escaladas. A parte física é importante a medida que o escalador vai desenvolvendo seu nível técnico e desejando objetivos maiores, isso faz com que ele se dedique a treinamentos mais específicos, que fortaleçam a musculatura para o esporte, aliando assim resistência, equilíbrio e leveza. O conhecimento técnico vem acompanhando esse processo, com a confiança no equipamento e o domínio de sua utilização, vai dissipando o desconforto da altura, tornando cada vez mais seguras as suas escaladas (desde que respeitadas as normas de segurança), encorajando assim o escalador a ascensões mais difíceis tecnicamente.
Portanto, escalar montanhas não se resume em subir para tirar fotos ou curtir a paisagem, mas num processo que se inicia com o desejo de escalar determinada montanha, e todas as tensões que surgem dessa decisão, ao fim da escalada. E quando perguntarmos a um escalador, o por quê de escalar, ele responderá: Não sei, porquê é bom! Beto Viana

segunda-feira, 30 de março de 2009

Mulheres

Silvia Guimarães, a Shubi, é pedagoga e corredora de aventura desde 1998 e capitã da equipe Atenah. Participou de diversas corridas internacionais, tais como Eco-Challenge, Raid Gauloises, X-Adventure Raid Series USA, Desafio dos Vulcões, e nacionais como Expedição Mata Atlântica, Ecomotion, Brasil Wild, Adventure Camp.

É atleta profissional desde 2000, num dos esportes mais completos e complexos que existem, a Corrida de Aventura. Um esporte em equipe, que na maioria das vezes devem ser mistas, e em algumas vezes exigem um membro do sexo feminino. Aí já começam as diferenças encontradas entre os sexos. Como acreditam que as mulheres são mais fracas, exigem uma mulher por pensarem que ninguém seria louco de não colocar homem na equipe. Mas no caso da Atenah, não é bem assim, uma equipe totalmente feminina, o que muitas vezes tem suas vantagens, e algumas desvantagens também, mas sendo um esporte dos mais completos, existe um equilíbrio, homens e mulheres competem juntos, na mesma categoria, de igual pra igual.

Flower People - ABSA Cape Epic'09

Adriana Boccia Luciana Cox

ABSA Cape Epic'09

A única dupla feminina brasileira formada por Luciana Cox e Adriana Boccia (atletas de aventura), formara a Flower People e vem tendo destaque na prova, nesta que é considerada uma das provas no estilo maratona MTB mais desafiantes do mundo.
O Cape Epic é realizado na África do Sul, no estilo estágios, como nos Tours de Ciclismo, com mais de 800km e um total de 1.200 atletas inscritos.
Luciana e Adriana correm com um uniforme todo rosa e com flores presas em seus capacetes, e após cada etapa cumprida, dançam na linha de chegada. “Fizemos uma promessa para que independente do que aconteça, dançaríamos na linha de chegada”, explicou Adriana. Elas se prepararam cerca de seis meses para a disputa na África do Sul e se mantém fortes para finalizar todos os estágios até este fim de semana. “Fizemos muita força no primeiro estágio. Depois disso foi só trabalho mental”, comentou Luciana, que afirma que se surpreendeu, pois achou que o Cape Epic seria muito mais difícil do que realmente é.
Fora a dupla feminina, mais 22 brasileiros terminaram a prova.

Campanha Guartelá

Desenvolvimento e layout: Adilson Koizumi

Imagens - MTB Trip Trail




Sérgio Zolino lança livro

O organizador do Circuito Adventure Camp, Sérgio Zolino, e o biólogo Flávio Lessa da Fonseca lançam no dia 10 de março, às 19h30, na Praça de Eventos do Shopping Eldorado, em São Paulo (SP) o livro "A Cultura da Aventura na Natureza”, onde eles retratam em 240 páginas ilustradas como se dá a interação do homem com a natureza por meio da prática de esportes. A obra foi feita de acordo com a experiência de cada um deles com a natureza. Zolino está inserido no meio desde o início da corrida de aventura no país, há dez anos. Desde então, ele participa de provas como atleta e organizador e agora transmite seus conhecimentos aliando-os à experiência de Flávio. "A Cultura da Aventura na Natureza” é uma iniciativa do Instituto Peabiru, coordenado pelo escritor João Meirelles, a obra conta com o apoio do Banco Paulista e da Lei de Incentivo a Cultura do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

Filosofia da Escalada

Sempre que falo sobre escalada como esporte e como ele me fascina, todos ficam curiosos e querem experimentar. Mas fui indagado por leigos, o que seria "filosofia da escalada"? Como explicaria algo tão óbvio a mim a uma pessoa leiga? Creio que é, você adotar o estilo de vida; roupas, alimentação, horários e etc. são elaborados e calculados em função de seu esporte. Deixamos de sair a noite muitas vezes por ter o compromisso. Nos alimentamos de comidas mais saudáveis por respeito a nosso corpo, talvez por sempre estarmos em contato com a natureza, e nos sentirmos parte dela, acabamos por nos tornar mais conscientes com tudo. Passamos a nos preocupar nosso peso, nossas dores, nosso sono. Tudo para poder melhorar o potencial e mandar alguma via que temos como projeto.
O ato de respeito com a rocha, com as matas, fauna e com a natureza em geral, e muitas vezes nós nos irritamos com pessoas que não vivem esta filosofia e vão escalar como se fossem ao shopping center. Porque isso? Porque a escalada é uma filosofia de vida, e não um passatempo para ficar se mostrando para amigos e parentes. Não é uma atividade para haver politicagem e auto-promoção. A filosofia da escalada é muito mais que só ir para a rocha. É um ato de compromisso, de amor, de comprometimento com o ato de escalar. É o corpo e alma destinados a um objetivo. É a superação do corpo e mente. É a preparação da mente para sempre enfrentar os desafios. É respeitar o corpo, treinando com disciplina. É ser escalador de corpo e alma.
À medida que escala perto do seu limite, a sensação de queda aumenta. Em vias difíceis você irá se defrontar com a decisão: comprometer-se com a escalada, ou, se a conseqüente queda não for segura, recuar. Executando movimentos com uma mente decidida e expectativa baseada em no seu esforço, irá aumentar sua chance de sucesso.Enquanto há comprometimento, haverá sempre a hesitação, uma chance de desistir, sempre inevitável. Desta maneira começa uma passagem do livro de W.H. Murray, "Scottish Himalayan Expedition"(Expedição escocesa ao Himalaia). Comprometimento pode levá-lo até escaladas difíceis, ou pode derrubar você. O que permite alguns escaladores ter um esta atitude de comprometimento e outros não? É algo que alguns escaladores têm e outros não. Entretando estes escaladores que são capazes de se comprometer aplicam sua atenção de maneira diferente. Existe um momento para se preparar e outro para agir. O comprometimento vem contido no momento de quando você está em transição para o agir - de pensar para fazer, onde a qualidade de seu comprometimento vai depender de como você negocia esta atitude.

domingo, 29 de março de 2009

7 cumes do mundo

McKINLEY
continente: América do Norte
altitude: 6,194 m
O Mc Kinley está praticamente sobre o círculo polar ártico. Com seus 6.194 metros de altitude é a montanha mais alta situada próximo dos pólos e, por esta razão, a mais fria do que qualquer outra do planeta.

ACONCÁGUA
continente: América do Sul
altitude: 6.959m
O Aconcágua, com 6.959m, é a maior montanha da América do Sul. Está situado na Argentina, próximo da fronteira com o Chile.

VINSON
continente: Antártica
altitude: 4,897 m
O Vinson está situado na imponente cadeia Ellsworth, a 960Km do Polo Sul. A partida para a Antártida é feita de Punta Arenas, Chile.

KILIMANJARO
continente: África
altitude: 5.895m
O KILIMANJARO está localizado entre na Tanzânia, próximo da fronteira com o Quênia, na África Oriental. Ergue-se em meio a savanas, onde há a maior concentração de animais selvagens do mundo, como leões, girafas e elefantes. É um antigo vulcão, como a maioria das montanhas da região.

ELBRUS
continente: Europa
altitude: 5.642m
Com 5.642m, o Elbrus é a maior montanha da Europa. Está situado no sul da Rússia, no Cáucaso, uma cadeia de montanhas entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. Surpreende ao ser indicado como a maior montanha da Europa, título dado pela maioria ao Mont Blanc (ponto culminante dos Alpes Europeus, com 4.807m).

EVEREST
continente: Ásia
altitude: 8.848 m
"O Everest é a maior montanha do mundo, com 8.848m de altitude. Está localizado na fronteira do Nepal com o Tibete (China), em plena Cordilheira do Himalaia, no maciço do Khumbu. É chamado pelos nepaleses de Sagarmatha (Teto do Céu) e pelos tibetanos de Chomolungma (Deusa Mãe do Mundo).

CARSTENSZ
continente: Oceania
altitude:4 ,884 m
O Carstensz está situado no centro do Irian Jaya, parte indonésia e ocidental da Ilha de Nova Guiné, em uma das regiões mais desconhecidas e misteriosas do planeta, habitada por tribos papuas que vivem ainda da maneira mais primitiva.

"Enfim, devemos subir montanhas para ver o que há do outro lado e então querer ir mais longe. E lembre-se: uma montanha nunca é vencida, é conquistada! ".

Os 7 Picos mais altos do país*

1. Pico da Neblina Serra do Imeri-AM 3.014,1
2. Pico 31 de Março Serra do Imeri-AM 2.992,4
3. Pico da Bandeira Serra do Caparaó-MG/ES 2.889,8
4. Pico das Agulhas Negras Serra da Mantiqueira-MG/RJ 2.787
5. Pico do Cristal Serra do Caparaó-MG 2.787
6. Pico Pedra da Mina Serra da Mantiqueira-MG/SP 2.770
7. Monte Roraima Serra do Pacaraima-RR 2.739,3

15 dicas para fazer a diferença

1 - Abra mais espaço para as emoções e a intuição, ouça o que o seu coração diz.
2 - Faça coisas que você ama. Ame as coisas que faz. Use seu tempo com sabedoria, dedicando-se ao que é realmente importante.
3 - Defina e honre limites saudáveis em todos os relacionamentos. Não deixe os limites vagos ou sem definição. Construa limites, mas não muralhas.
4 - Equilibre melhor a busca de resultados e a dimensão humana. Não seja um "trator" que esmaga as pessoas.
5 - Equilibre melhor o falar e o ouvir.
6 - Não julgue e não critique tanto.
7 - Saiba o que se passa em sua área de trabalho. Vá aonde os fatos estão ocorrendo. Converse com as pessoas. Saia da sua cadeira!
8 - Procure manter a tranqüilidade no meio do caos e da confusão. Nós somos donos de nossos pensamentos e de nossas emoções. Estar serenos é uma opção nossa.
9 - Renda-se às evidências: se elas indicam um caminho diferente do seu, deixe o orgulho de lado. Aceite a realidade como ela é.
10 - Não se preocupe e nem se aborreça tanto com as coisas. Um dia de cada vez.
11 - Faça elogios, mas com sinceridade.
12 - Esteja com seus velhos e novos amigos de tempos em tempos. Renove as relações.
13 - Tome uma atitude de força, poder e positivismo.
14 - Amplie continuamente seus conhecimentos. Esta é a base de seu sucesso pessoal e profissional.
15 - Seja mais cuidadoso e carinhoso com você mesmo. Cuide-se melhor. Não seja tão exigente e tão implacável consigo mesmo.

Domine seu medo

Na escalada, como em muitos outros esportes, o atleta mais preparado, mais forte e mais técnico pode ser derrubado por um fator que muitos nem se dão conta: O psicológico. O pavor de cair, o medo de falhar, a vontade de se mostrar para o público, etc.

Você está a 10 metros da sua última parada, seus pés começam a escorregar. Você tenta desesperadamente achar uma pega melhor nas agarras, mas seus dedos começam a suar. Sua habilidade de resolver problemas desaparece, e junto com esta sua capacidade de realizar uma boa escalada, fazendo que qualquer lance fique cada vez mais longo e difícil. O medo começa a passar pela sua cabeça e você começa a segurar cada vez mais forte até seus braços ficarem "bombados". Daí você começa a pensar na sua última costura e percebe que vai cair. Não tem outro jeito. Ou será que há?

Aqui vão dicas de grandes nomes do Alpinismo.

Saiba quando recuar: Se você está tão assustado que o medo está atrapalhando a sua escalada, você não devia estar na via. O grande escalador Peter Croft diz: "Se o medo é algo incontrolável e deixa você desesperado, é sinal de que você deve voltar". Recuar não requer somente a habilidade física de realizar os movimentos inversos (algo bom de se praticar), mas de se ter o discernimento para saber quando o fazer.

Sintonize-se: Chris McNamara um veterano de realizador de vias A5 no El Cap como Reticent Wall e Wyoming Sheep Ranch, fala sobre a voz do medo: "Você precisa ficar intimo com a sua voz na sua cabeça; faça-a sumir quando começa a atrapalhar e a escute quando ela o alerta sobre um acidente que possa vir a ocorrer".

Crie uma base de coragem: Você deve criar mais confiança através de várias escaladas, assim gradualmente diminuindo o fator medo. Croft diz "Se eu estou solando alguma via difícil,e porque antes eu já solei muitas vias e na maioria das vezes, o medo não aparece porque lá (na via) é onde eu quero estar". Jason Smith, que já solou Rostrum's Regular North Face (5.11), concorda, "As pessoas não estão solando qualquer coisa eles não estão absolutamente certos se vão conseguir subir. Não pode haver espaço para o medo".

Concentre-se: O controle da mente é crucial. McNamara se concentra no imediato: "Eu fico com medo quando eu me desconcentro dos movimentos que tenho que realizar naquele momento e começo a pensar no que pode acontecer, eu posso cair, esse friend não vai segurar e sair, e ai quando paro com esses pensamentos e me concentro novamente nos movimentos daí o medo simplesmente desaparece. Smith concorda: "Na maioria das vezes você está assustado por nenhuma razão em particular". Arno Ilgner, um grande escalador que dá cursos sobre como lidar com o medo, nos lembra que deve se olhar objetivamente sobre as situações, se você está com o foco em cima do que deve-se fazer para escalar ou realizar aquele movimento, você terá pouca energia direcionada para ficar com medo.

Fique frio: As vezes as preocupações são reais. Nestes casos controle sua mente. Croft se mantém positivo: "Enfoque-se em passar um bom tempo escalando em vez de subir praticamente se arrastando. Eu na maioria do tempo me enfoco em ficar relaxado, manter a mente relaxada". Para Jim Bridwell, que realizou solos e várias conquistas, e o assunto é muito simples: "Não fique fora de si.Não coloque-se como um perdedor antes mesmo de começar." Ilgner acrescenta: "Como você direciona sua atenção? Certamente você quer pensar ativamente, não lidar com as coisas que possam acontecer passivamente com você. Em vez de se concentrar em como evitar a queda, concentre-se em trabalhar na situação em que você está."

Tenha medo: O medo pode ser um auxílio, fazendo com que você escale melhor, isto quando for utilizado como combustível em movimentos mais difíceis. Bridwell diz que "O medo somente faz que com que você fique mais ligado e esperto na via. Se você consegue controlar a adrenalina que o medo fornece , o medo começa a fazer que o trabalho fique pronto."

RESPIRAÇÃO, MEDITAÇÃO e MOVIMENTO

A respiração como método de desenvolvimento espiritual é uma técnica muito antiga. Em Yoga, por exemplo, ela é utilizada há aproximadamente 4000 anos, numa prática chamada pranayama. Prana é a palavra sânscrita para sopro, espírito ou energia universal, onde reside a crença de que a respiração é manifestação da presença espiritual na matéria. Neste sentido, o que importa na respiração yoggi, não é o oxigénio que se extrai no ar, mas a força vital que nele existe.Os japoneses usam a palavra ki e os chineses chi, para denominar esse princípio essencial de harmonia, de força vital presente em todas as coisas. É uma componente fundamental das artes marciais - Tai Chi Chuan, Chi Kung, Aikido, por exemplo.No ocidente, estes conceitos são talvez mais recentes. Henry Bergson, referia-se a essa energia como o élain vitall, a força criadora, que tanto se manifesta na natureza, para criar novos seres, como nos homens através de uma emoção criadora.Hoje em dia, a ciência reconhece os benefícios da respiração, tanto os físicos como os mentais e emocionais. A respiração é essencial para o cumprimento das funções metabólicas celulares, em especial, das células do cérebro, melhorando a concentração, memória e controlo das emoções. Não existe melhor remédio para o stress que uma profunda respiração!Como já foi referido, a respiração correcta é essencial para uma postura correcta e um melhor controlo do equilíbrio do corpo, por isso, o primeiro passo para o movimento deve começar por tornar a respiração consciente.A Yoga privilegia a expiração, pois uma expiração completa favorece uma inspiração mais profunda. Esta ideia é fundamentada, pois à contracção extrema de um músculo segue-se o seu relaxamento (reflexo miotático inverso). Assim, esta técnica sugere o relaxamento do diafragma como base para uma respiração mais completa. São identificadas três formas de respiração na Yoga: a diafragmática, a toráccica e a clavicular. Uma respiração completa será uma sequência destas três. Em conjunto com as poses de Yoga, a respiração unifica o corpo e a mente, equilibrando as energias opostas e aprofundando o relaxamento do corpo em cada posição.No Karaté, o ki, a energia interior, intensifica a eficácia de cada técnica, e, por isso, o executante deve expirar no ponto de contacto, renovando assim a sua energia.No desporto, privilegia-se a práctica de exercícios aeróbios, já que estes induzem a um aumento na produção de ATP, fornecendo mais energia ao indivíduo e protegendo-o dos efeitos secundários dos exercícios anaeróbios, muitas vezes negligenciados por ignorância.Não há dúvida de que só temos a ganhar com o ar puro, o pior é que cada vez mais ele escasseia e mais se torna difícil convencer o mundo inteiro de que as coisas têm de mudar, se quisermos ter algum espaço para respirar.

Feel the Pain!

"Atravessar matas fechadas, enfrentar desertos sob um sol escaldante, escalar montanhas, pedalar na completa escuridão, subir e descer corredeiras de canoa, e tudo isso sem comer nem dormir direito. Assim são as Corridas de Aventura. Cuidado para não cair numa roubada como essa, se não você acaba gostando".
Hoje em dia, vivemos uma vida totalmente voltada ao conforto e comodidades que a urbanização e a tecnologia nos fornecem. Muitas vezes nem nos damos conta de como ela também nos consome e cada vez mais nos tornamos escravos desse estilo de vida, que gera o sedentarismo, o stress e as tensões do dia-a-dia que cada vez fazem mais vitimas.
No Brasil, somente em 98, tivemos uma primeira edição de o que era uma corrida de aventura, a primeira Expedição Mata Atlântica (EMA). Isso mesmo, há 11 anos atrás e repercutiu como a corrida de malucos, pois misturava diferentes modalidades por dias e noites ininterruptos. Porém o evento foi bem aceito pelo público e mídia, garantindo uma nova edição.
Mas o começo do esporte se deu no inicio da década de 80 na Nova Zelândia, onde os praticantes de corridas em montanha começaram a adicionar outros esportes e técnicas a modalidade, como o rapel, rafting, mountain bike, e canoagem. Logo em seguida surgiu baseado neste evento, a primeira corrida. O francês Gerard Fusil criou o Raid Gauloises. Em seguida surgiram os tradicionais Eco Challenge e Elf Autenthique.
Se você acha que não existe nada de radical em uma corrida de aventura, tente compará-la a uma prova de ironman, que consiste em um total de 226 km, divididos em 3 modalidades altamente explosivas a uma prova hoje do circuito mundial de aventura como o Ecomotion, com cerca de 500km. Além de modalidades de alto impacto, as equipes precisam estar lúcidas, ao longo de 4 a 7 dias de provas, ininterruptas, para traçar suas estratégias. E é o que faz a diferença na corrida de aventura.
As modalidades disputadas em uma corrida de aventura não são fixas e muitas vezes se adaptam às condições do local onde está sendo realizado, utilizando muitas vezes criatividade, trabalho conjunto, meios de locomoção tradicionais no local de prova, e outros. Provas como o Eco Challenge do Marrocos utilizou os camelos, que são comuns na região. Independente disso, toda corrida de aventura explora os limites dos participantes. Tanto físico como psicológico e trabalha principalmente a equipe como um conjunto.
O percurso a ser percorrido só é revelado aos atletas na hora da competição e toda a navegação é feita por bússolas e mapas, e a regra é bem simples: todo mundo sai correndo. Ganha quem chegar primeiro, passando pelos Postos de Controle (PC), que podem ser reais ou virtuais, com a composição completa na equipe.
Com o grande aumento no número de participantes, começaram a surgir corridas mais rápidas, de um fim de semana ou de apenas um dia, que a primeira vista parecem fáceis, mas ainda é preciso muita disposição para realizá-los. Projetos sociais - A corrida, muitas vezes, não visa simplesmente uma competição. Em algumas provas, é exigido que as equipes participantes realizem alguma atividade em prol da comunidade local. É uma espécie de projeto sócio-ambiental que tem como objetivo promover o intercâmbio entre a região explorada e os esportistas. Isto pode ser realizado através de doações, projetos de ensino, vacinação e até cursos de combate e prevenção de incêndios florestais. É enriquecedora não só para os participantes, como também às comunidades locais.
As regras da corrida, em geral, variam de competição para competição, uma vez que sofrem alterações segundo características do local onde é realizada. Hoje as competições oferecem provas para diversas categorias, como competidor solo, duplas, trios, quartetos e até quintetos. A elite, porém são equipes formadas por quatro competidores com pelo menos uma pessoa do sexo oposto. O objetivo é realizar o trajeto delimitado pela organização no menor tempo possível. Os integrantes de uma mesma equipe devem permanecer juntos durante toda a prova, não podendo se distanciar mais do que 100m um do outro, em momento algum. Ao longo do trajeto existem vários PC’s (Postos de Controle), que são locais de passagem obrigatória para as equipes competidoras e devem ser alcançados na seqüência determinada pelo organizador. Em algumas provas, cada time pode possuir uma equipe de apoio, que fica encarregada de entregar mapas, conferir os equipamentos obrigatórios, informações, alimentação e, quando necessário, providenciar abrigo. O encontro das equipes com os apoio acontecem nas chamadas AT's (Áreas de Transição), áreas que ocorrem trocas de modalidades esportivas e os competidores encontram seus equipamentos e provisões. Toda AT é um PC, mas nem todo PC é uma AT. Na EMA e nas etapas do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura, as equipes iniciam a competição numa mesma categoria, chamada Expedição, que é a categoria principal. Para permanecer nesta categoria é necessário chegar aos PC’s nos limites de horário preestabelecidos pelos organizadores. As equipes que não são capazes de chegar a tempo são classificadas em outras categorias: aventura e iniciantes. É essencial que todos os objetos levados pelos competidores sejam trazidos de volta, uma vez que nada pode ficar como lixo no meio do caminho, sendo a equipe flagrada, punida com a desclassificação. Tudo isso é avaliado pela organização quando a equipe cruza a linha de chegada. Caso um dos integrantes da equipe desista ou sofra algum acidente, ou acione o resgate, toda a equipe será desclassificada. A segurança da prova e individual do atleta é uma das maiores preocupações dos organizadores. Em todos os PC’s existe um controle feito nos atletas examinando suas condições físicas. Sempre há uma equipe médica de prontidão durante a prova. É fundamental também que cada integrante da equipe tenha a sua segurança e a de sua equipe como prioridade.

sábado, 28 de março de 2009

Aventureiros por natureza

Atualmente, os esportes de aventura ocupam uma posição privilegiada na sociedade, atraindo cada vez mais adeptos a sua prática. Existe uma infinidade de esportes e técnicas nos quais um fator é constante; a emoção do risco. A fórmula é uma só. O hipotálamo (uma região do cérebro) recebe um estímulo (emoção) e incita a hipófise (glândula que fica no interior do crânio) a produzir um hormônio que vai direto para as glândulas supra-renais, aquelas que liberam a famosa ADRENALINA. Com ela, de repente, tudo muda: a barriga gela, o coração acelera, os brônquios se dilatam, os intestinos praticamente param, a respiração fica ofegante. A energia do corpo parece triplicar. É em busca destas fortes emoções que os adeptos dos esportes radicais, trocam os prazeres da vida urbana pelo desafio de jornadas pela natureza, vivendo momentos de pura aventura, desafiando os limites.
Apesar dos esportes e técnicas verticais estarem sempre em contato com o risco, ele é minimizado, pois todos os equipamentos suportam uma capacidade bem acima do requerido usualmente, desde que utilizados equipamentos com hologação reconhecida.
Técnicas radicais como o rope swing ou pêndulo, tirolesa e rapel, tem chamado a atenção, pois podem ser praticados por pessoas que nunca tiveram contato com tais atividades e exploram as sensações extremas como medo e desafio.
Os adeptos dos esportes de aventura exploram e se beneficiam das mais variadas paisagens. Soltam-se no ar, a centenas de metros de altura, numa rara possibilidade de voar como um pássaro. Enfrentam corredeiras de um rio a bordo de um bote ou de uma bóia. Enfiam-se numa trilha dentro de uma floresta. Conhecem a sensação de viajar por um outro "planeta", habitado por seres coloridos, onde a lei da gravidade se altera - o fundo do mar.
Hoje são vários os esportes de aventura, todos perfeitamente seguros, desde que praticados com responsabilidade.
Viver a vida na adrenalina já é uma rotina para muitos grupos de esportistas.
Quase não se houve comentários sobre acidentes provocados por falha de materiais, mas muitos de falha humana, portanto, sempre pratique com muito cuidado e com a supervisão de pessoas capacitadas.

E então, se identificou?

A psicologia do esporte busca estudar todos os aspectos emocionais que influenciam o rendimento do atleta, bem como o efeito do esporte e do exercício físico sobre a área emocional do seu praticante. São duas as vias de pensamento e por elas podemos analisar esses eventos desafiantes que são as competições de ultra-resistência, em que limites humanos são testados à exaustão. O que leva uma pessoa a buscar um duelo com ela mesma? Embora alguns autores possam examinar esses eventos extremos como uma auto-agressão, "acusando" o atleta de procurar sofrimento, isso é um direito que a pessoa tem de trilhar o caminho escolhido.
Tenho treinado psicologicamente muitos atletas para competições similares e conheço seu funcionamento. Uma pessoa que busca algo é porque necessita, e uma das respostas pode ser biológica (que afeta a psicológica). O forte e prolongado exercício pode ativar o sistema central de opióides, originado pelo aumento de endorfinas - substância natural produzida pelo cérebro em resposta à atividade física, que relaxa, preserva a dor e dá enorme prazer. As investigações evidenciam que a endorfina é um anestésico e muitos dos efeitos cardiovasculares e comportamentais são mediados por esse mecanismo. Mas sabemos muito pouco sobre esse opiácio. A adrenalina é outro fator que aparece em grandes desafios. Há várias pessoas que não podem viver bem sem ela. E a buscam não só no esporte, mas em todas as atividades humanas.
Na esfera psicológica há alguns fatores evidentes:
a) estado de consciência alterado, causado pelo exercício (a própria endorfina pode ter uma parte de culpa nesse estado de consciência).
b) apoio social, que são os ganhos em notoriedade (mídia), admiração de fãs, amigos, família e colegas, que causa um aumento na auto-estima do atleta;
c) auto-eficácia, onde a melhora da aptidão física do atleta dá uma sensação de domínio de seu mundo, segurança e auto-estima.
Para finalizar, no aspecto psicológico eu apontaria três fatores determinantes para a participação do atleta numa competição limite como essas: auto-estima, motivação e capacidade de suportar a dor. Haverá alguma prova maior e mais dolorosa que essas? É provável que alguém já esteja pensando em criar uma nova.
Entretanto, é possível que outros não-atletas também possam enfrentar competições de igual sofrimento, que é sua própria vida. E, a cada manhã, despertam motivados para enfrentar a sua carga diária, sem direito a manchete na mídia.
Por Benno Becker Jr. doutor em Psicologia.

Voce já imaginou quais os limites do seu corpo?

Falando em provas de alta endurance, e, um período de apenas 20 anos, as provas de ultra-endurance evoluíram muito além do imaginável. Em 1978, foi criado o Ironman, um desafio enorme para a época, em que apenas 15 atletas participaram e os sobreviventes foram tidos como heróis. Quase vinte anos depois, em 1997, criou-se o Deca Ironman, um circuito dez vezes a distância do original, em que somente dez atletas do mundo participam. No Brasil, Sérgio Cordeiro vai participar, com seus 51 anos, de uma etapa do Quíntuplo Ironman no México composta de 19 quilômetros de natação, 900 de bicicleta e 211 de corrida em sete dias. É uma carga de trabalho humano inimaginável, que imprimirá um sofrimento máximo aos competidores. Mas qual a motivação de um ser humano para desafios desse porte?

Pense nisso


  • O importante, é manter-se em forma para a vida. Pense em seu corpo como se fosse um carro. Se você pará-lo por determinado tempo pode ser que não pegue de novo. Mas se o mantiver em movimento, ele continuará funcionando. O corpo, assim como o carro, gosta de se mexer.

  • Se você põe batatas fritas para dentro, vai colocar batatas fritas para fora. Se comer lixo, sua performance provavelmente será um lixo. Sua comida é seu combustível.

  • Férias são uma grande oportunidade de entrar numa boa rotina ou para sair dela.

  • É importante aprender que o descanso faz parte do treinamento. Treinar forte o tempo todo nem sempre é a melhor tática, porque você acaba sempre atrasado em sua recuperação.

  • É preciso experimentar coisas novas. Pois quando você atinge um certo nível em qualquer esporte, você se torna tão eficiente nele que o esforço necessário para a sua prática diminui muito. Seu corpo se adapta e você deixa de ganhar condicionamento.

  • Tenho amigos que têm uma alimentação ultra-saudável, mas isso toma o dia inteiro deles. E se não houver pão integral no café da manhã, eles têm um colapso. Posso comer um Big Mac. Não vou amar, mas não vai me causar um choque anafilático. Esses meus amigos são como aqueles carros de alta performance, que só funcionam com combustível especial. Eu prefiro ser um trator. Se me abastecer com um pouco de gasolina adulterada, eu vou dar umas engasgadas, mas continuo funcionando.

  • Mastigue mais. É a melhor forma de aumentar sua habilidade de absorver nutrientes de sua comida.

  • É sempre mais prazeroso e estimulante treinar acompanhado. Faz você se esforçar mais porque quer fazer bonito. Não dá pra dizer "Ah, acho que já deu". Seu parceiro vai dizer "Essa foi só a 29ª. Achei que fôssemos fazer 30".

  • Medo é um motivador incrível, mas também pode paralisar as pessoas. Uma vez que você começa a entendê-lo, o medo se torna algo que pode ser canalizado e aproveitado. O medo vem da compreensão de que você pode morrer. Ele geralmente me dá força e me faz tomar decisões bastante acertadas. Se você não consegue se amedrontar, ou você nunca se machucou ou é completamente ignorante.

  • Somos nossos maiores inibidores. Às vezes não queremos fazer coisas novas porque achamos que vamos ser ruins nelas ou que os outros vão rir de nós. Você precisa estar disposto a se sujeitar ao fracasso, a se sair mal, a cair de cabeça e tentar de novo, e fazer coisas que nunca fez para ser o melhor que pode ser.

  • Começamos a decair assim que paramos de assumir riscos. No fim, se você ainda estiver na ativa, fazendo o que gosta, é porque você venceu.

Fonte: revista Go Outside

sexta-feira, 27 de março de 2009

HardRock

Diversos esportes se orgulham de ter dentre suas modalidades, a atividade mais dura, ou mais completa do mundo. Atualmente é muito relativo intitular a prova como a mais pesada ou dura do mundo. Existem diferentes aspectos que podem levá-la a este título, tomando-se em consideração os fatores para esta classificação.
Durante muitos anos a anônima prova do Spartathlo na Grécia, foi considerada a prova mais cruel, com um percurso de 246 km, refazendo o percurso do Rei Leônidas. O mesmo ocorreu quando surgiu o IronMan. Prova de malucos, foi o que disse a primeira matéria sobre o evento, que consistia em nadar 3,8km, pedalar 180km e correr uma maratona inteira ao final. Depois de alguns anos, se tornou pai do triathlon, hoje esporte olímpico. E talvez o avô do triathlon então seja o Ultraman. Uma prova que consiste em vários dias de competição. Na Europa já existem o triatlo no formato tour, ou seja vários dias competindo triathlo em diferentes localidades dentro da mesma prova.
E finalmente, na década de 80, uma das primeiras provas de corrida de aventura, foi a expedicionária Ecochallenge, patrocinada pelo canal Discovery Channel. Uma prova que tinha o percurso variando de 500 a 700 km, com equipes totalmente auto-suficientes, carregando pelo caminho mochilas com aproximadamente 20 quilos. Uma prova que testou os limites de muitos atletas e consagrou outros nomes. Porém devido a crueldade do percurso, as baixas eram muitas pelo caminho, exaustão, acidentes, doenças, fora a dificuldade natural da prova.
O que não é negável, é o fato que tais provas criaram mitos e lendas. Se é dificil vencer a prova mais difícil do ciclismo na atualidade, o Tour de France, imagine vencê-la 7 vezes seguidas? Foi o feito que consagrou o norte-americano Lance Armstrong, após um câncer diagnosticado como incurável.
A Grécia não é mãe somente da maratona tradicional, com seus 42,195 metros, mas também da ultramaratona. Prova que consiste em percursos maiores que 50 km, chegando a ter percursos de 7 dias de corrida sem intervalos. Na Grécia é muito comum ultramaratonistas, enquanto no Brasil poucos conhecem. O grande nome brasileiro Walmir Nunes, é mais conhecido no exterior do que aqui. São tradicionais as provas de 100km e 24hrs. Uma prova não muito distante desta é a Mountain Man, com percusos offroad, pelas montanhas austríacas.
Dean Karnazes, por exemplo, retornou as corridas aos 30 anos e se mostrou um fenômeno, Correu 560 km sem parar (levou mais de três dias). Venceu a Badwater, ultramaratona de 215 km que é considerada a prova a pé mais dura do mundo, juntamente com a Spartathlo. Escreveu um livro, O Ultramaratonista, que se tornou best seller e que acaba de ser lançado no Brasil. Mais recentemente, encarou o Endurance 50, um desafio em que correu 50 maratonas em 50 dias consecutivos, uma em cada estado norte-americano. Como conseguiu tudo isso? É simples: não há nada que Dean Karnazes ame mais do que correr pelas montanhas, centenas de quilômetros a fio. "Existem diferentes paixões. Nem todo mundo gosta de correr. Se você é músico, seja o melhor músico que puder. Atire-se de coração ao que ama e você se realizará", diz Karnazes
No mundo do ciclismo, existem provas extremamente difíceis, como a RAAM (Road Across America), que é a prova de costa a costa, com mais de 4500 km de extensão. Uma prova non-stop com auxílio externo. Algumas equipes tiveram bons resultados em provas deste formato.
Analisando deste ponto de vista, e o Tour de France, que é hoje a maior com maior público do mundo depois das Olimpíadas e Copa do Mundo de Futebol. Com percursos de 4 mil km, as melhores equipes de ciclismo do mundo disputam a famosa maiout jeune.
Na versão off Road, a Cape Epic, considerada a prova de maratona MTB mais difícil do mundo, sendo realizada na Africa e a TransAlp realizada nos Alpes. Existem ainda inúmeros esportes que podem ser listados, onde alguns feitos podem ser dignos de ocupar uma categoria no Guiness Book.
O que leva atletas a estimular a capacidade de seu próprio corpo, suportando situações de extremo desconforto, para provar que são capazes de enfrentar qualquer desafio?
Acredito muito no ver para crer, como diz um certo empresário que fundou uma empresa de experiências pessoais. É isso mesmo. Ele ganha dinheiro vendendo experiências de vida.
Por isso mesmo hoje escalar o Everest já se tornou mais comercial do que um feito grandioso. Incrível é a habilidade dos sherpas em levar turistas para o topo, em ambiente rarefeito carregando cargas mais pesadas que seu corpo, contratados por agências que faturam alto com estas jogadas, vendendo experiências de vida.

Estilo de vida: Sportholic

Pela definição, sporthlolic é o vício por esportes, ou a dependência da endorfina; substância que o organismo libera após exercícios físicos.
Com o advento de inúmeros esportes e multi esportes, tornou-se comum o sportholic social, Por natureza, hoje é muito comum encontrar dentro deste conceito sportholic, palavra que deriva do termo "alcoholic" (viciado em álcool). Muitos esportes disciplinam as pessoas para este caminho, principalmente os atuais multiesportes. Que exigem que as pessoas sejam especialistas em diversas modalidades.
Eu mesmo quase me qualifico como um sportholic e adoro treinos longos, passar horas do dia treinando. E quando não treino, isso se manifesta até no meu humor. O esporte está presente em minha vida desde os 2 anos de idade, quando iniciei na natação. Até ai, nada de especial, muitas crianças começam desta forma.
Comecei minha carreira nadando. Descobri a natação oceânica. A dedicação para esta modalidade era praticamente 8 horas do meu dia, com centenas de quilômetros pela semana. No triathlon não foi diferente. Isso era ser sportholic. Hoje na corrida de aventura, são algumas horas do dia dedicados a correr, pedalar, nadar, remar, escalar, velejar, entre outras atividades, mas acho que a parte de treinamentos físicos compõe somente 50% dos treinos de um atleta. Prevalecem agora o treinamento de estratégia e interpretação de mapas. Características que deixam o esporte extremamente inteligente e emocionante. Lembre-se:
"Seu corpo é seu maior patrimônio. Então não permita que pensamentos de curto prazo limitem seus investimentos de longo prazo. Não importa qual sua idade ou modalidade - desenvolvemos uma estratégia balanceada para te ajudar a conseguir seu melhor condicionamento físico, e permanecer nele por muito tempo". (Lance Armstrong)
"Não existe mágica nem segredo. Algumas pessoas simplesmente têm o dom. Outras têm mais vontade. Geralmente são esses dois tipos que se sobressaem. Com os passar dos anos, aprendi a ser cada vez mais forte e resistente". (Fernanda Keller)

Histórias arrepiantes

Todos conhecem histórias de muito mistério, ou mesmo histórias de fantasmas para acampamento, afinal, quem consegue resistir a uma história cheia de mistérios. Eu por exemplo já ouvi muitas, e também vivi algumas, desde lobisomens a discos voadores, nestes pouco mais de 15 anos em contato com o ambiente outdoor.
O Brasil é rico, tanto no folclore, como nos contos e causos. Em Itatiaia no Rio e Chapada dos Veadeiros em Goiás, por exemplo, ouvi ótimas história dos Guarda-Parques sobre discos voadores e alienígenas fosforescentes. Chapada Diamantina, histórias de monstros, provados por algumas pegadas gigantes achadas pela manhã, de acordo com os nativos de alguns povoados. Quem não se lembra do fenômeno do Triangulo das Bermudas, fato inexplicável até hoje. Algumas explicadas pelo medo coletivo, e outras que parecem simplesmente inexplicáveis, deixando confusa a cabeça de qualquer um que tente desvendá-lo. O ambiente natural reserva estas e muitas outras surpresas.
Folheando uma edição da Go Outside, consegui até ampliar minha coleção de histórias, que trouxe na matéria de capa, mistérios da natureza, que me incentivouo ainda mais em relatar contos e outros casos.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Rapel é o grande vilão das montanhas

O rapel é responsável por 70% dos acidentes ocorridos entre os praticantes de esportes nas montanhas brasileiras, e a grande causa, devido às falhas nos equipamentos utilizados e falta de preparo dos "rapeleiros". Esta pelo menos foi a conclusão a que chegou o Relatório de Acidentes em Esportes de Montanha, com os dados pesquisados por um grupo de guias do Rio de Janeiro. Um dos aspectos curiosos nesta conclusão é o fato de que a maioria dos montanhistas não considera o rapel um esporte em si, mas apenas uma técnica de descida para viabilizar a prática de outros esportes, como escalada e travessia de cânions. Outra constatação do Relatório, segundo o guia Pedro Lacaz Amaral, da Parede Esportes de Montanha, coordenador do levantamento, foi que a grande maioria dos acidentes se deve ao despreparo dos praticantes, na maioria jovens que após um pequeno período de treinamento saem praticando sozinho esportes de risco. Mesmo sem quantificar nenhum caso de morte, a pesquisa descobriu que 90% dos acidentes provocaram fraturas. Um dos objetivos do Relatório é contribuir para a diminuição do número dos acidentes nas montanhas do país.
Fonte: 360º Esporte e Aventura

Brasil WILD 2009

Uma das maiores provas de aventura da América Latina irá percorrer o inóspito Jalapão, no Tocantins, um oásis em meio ao cerrado, considerada a 8ª maravilha da Amazonia, totalizando seus quase 500km. Um parque rico em atrações, pelo seu relevo, represas e rios que cortam seus vales.
O Jalapão sediará o evento durante os dias 5 a 14 de junho, reunindi as melhores equipes nacionais, nesta edição do BRWild Extreme conhecida como corrida da Sustentabilidade.
A idéia da sustentabilidade surgiu porque queremos deixar no Tocantins e no Jalapão sementes que ganhem vida própria e tornem-se sustentável. O Projeto Social, denominado cama e café, pretende capacitar e equipar pequenas residências transformando-as em futuros meios de hospedagem para receber turistas na região. Estaremos também transferindo o Know-how da Brasil Wild, de como montar uma corrida de aventura, para empresas locais, e tendo estes no Staff da prova, para que futuros eventos outdoor possam ser implementados no imenso e bonito estado do Tocantins. Pretendemos realizar uma aventura segura, e colocar um dos Raftings mais bonitos do Brasil e do mundo, o que será uma atração à parte na prova. A parceria firmada com a pioneira empresa de rafting Canoar, do canoísta e atleta José Pupo – o qual também estará envolvido na concepção e logística da prova - garantirá que esta seja uma operação impecável e garanta segurança e infra-estrutura para esta empreitada única! Provavelmente teremos uma Dark Zone na noite que antecede ao Rafting e a relargada nos botes ao amanhecer fará com que todos terminem o trecho antes do anoitecer.
Nos tempos atuais de falta de tempo e espaços, a Brasil Wild estará novamente cumprindo sua missão de mostrar nosso Brasilzão e mais uma imensa área inóspita e de grandes belezas naturais do nosso País, onde o tempo passará conforme nossas pedaladas, remadas e corridas!!! O programa Survival acaba de ser gravado no Jalapão e se você procura uma aventura e uma verdadeira corrida de expedição, tenha certeza que a Brasil Wild Extreme 2009 atingirá esta expectativa e que apesar de difícil para todos, terá progressões rápidas, sem grandes variações altimétricas, tendo no entanto PCs facultativos que tornarão a prova mais longa e técnica valorizando a orientação e a estratégia.

JALAPÃO 2009 - 476Km

Altamente dinâmico, divididos em 10 pernas, e com muita variedade de cenário em cada modalidade, a corrida do Jalapão promete uma viagem por diferentes formas da natureza Tocantinense.

Haverá uma dark zone na prova, com compensação do tempo parado, onde os atletas ficarão parados às margens de um rio onde enfrentarão na manhã seguinte as corredeiras do rafting. Assim, esta é uma prova que podemos dizer que terá dois estágios: Um de 22 horas de duração e o outro de 101 horas ininterruptas no máximo. A variação altimétrica será pequena. Na região não há grandes desníveis e por isto a prova será muito rápida, com velocidade média alta. Devido a estas características, uma parada e pouco desnível, quase não haverá corte e acreditamos que todas as equipes possam fazer a prova inteira, sendo esta uma ótima oportunidade para equipes que desejam experimentar competições mais longas (no próximo informativo mais detalhes sobre tempos) No entanto, a falta de chuva à época (existe água em abundância, mas o calor durante o dia será forte), a intensa disputa e principalmente a logística e a estratégia vão tornar as coisas mais técnicas e difíceis, e serão fundamentais para um bom resultado.
Muita mais para uma aventura do que para o esporte em si, com a lua cheia iluminando nossos caminhos, a Extreme 2009 será uma viagem e vai superar as expectativas!!!

Trekking: 133 km

As três pernas de Treking serão variadas e de belezas diferenciadas! Uma será pelo cerrado baixo e veredas, no coração do Jalapão em uma região totalmente inóspita. Outro pelas serras, com visuais de grandes e longínquos horizontes e grandes serras e o outro em meio ao cerrado alto e cachoeiras, lembrando um pouco a Mata Atlântica do sudeste.
Bike: 229 km
Nas bikes também teremos três pernas em terrenos diversos, sendo uma quase que totalmente plana em meio ao cerrado baixo e com um PC Virtual Facultativo Opcional pelo caminho, outra em meio a pequenas serras e muita vegetação e uma terceira mais técnica na beira da serra incluindo um single trek.
Canoagem: 69 km
Na canoagem também não será diferente. Três pernas bastante dinâmicas, rápidas e variadas. Uma perna de Rafting (veja abaixo) no meio do cerrado baixo, outra em um rio de médio porte com mata ciliar nas margens e uma terceira na imensa represa do rio Tocantins. Usaremos botes de rafting e ducks ou sit on tops duplos nas outras duas pernas (no próximo informativo será confirmado).
Rafting: 39 km

O Rafting será mais uma das atrações da prova. O rio Novo deverá ficar marcado como a etapa de rafting mais incrível já realizada em uma Corrida de Aventura no Brasil, e talvez uma das mais sensacionais no mundo.
O rio corta o Cerrado e sua água é potável. Devido à época de verão no Tocantins, e a completa ausência de chuva, a água é 100% transparente, e o nível do rio deixa a mostra dezenas de praias paradisíacas (em uma delas as equipes ficarão paradas durante a Dark Zone), adornadas por lindas vegetações, com destaque para os buritis, palmeiras típicas dos charcos e beiras de rio no Cerrado.
As equipes vão encontrar muitas corredeiras pelo caminho, de classe I a III. Existem corredeiras de classe IV no percurso, mas as mesmas deverão ser portageadas, em vitude do rafting ser sem guia, conforme sinalização e indicação dos guias presentes no local. Teremos 2 portages obrigatórios somando cerca de 1,4 km e um opcional.

Técnicas verticais:

Na região do Jalapão e em toda a prova, não há grandes possibilidades para montagem de estações de técnicas verticais mais complexas. Mesmo assim estaremos realizando uma ascensão e um rapel guiado de 70 metros e um rapel de 20 metros em cenários paradisíacos.

Orientação:

Apesar de aparentar uma navegação simples, a manutenção do azimute correto, a leitura do terreno e em algumas pernas as opções de caminho vão tornar a possibilidade de pequenos erros quase que constantes.

Ah, a queda!!!!

Cair durante uma ascensão é um fato. Todos tem quedas, algumas feias, outras inofensivas. Conhecida como VACA, quando alguem tem uma queda ao estar guiando uma via. Parece coisa a toa para quem vê de baixo, mas para quem está caindo não é nada divertido. Sem dizer da "adrenada" que envolve a queda. Portanto saber se portar com ma queda iminente, é muito importante.
Cair faz parte do processo de escalada. Uma agarra quebra, escorrega-se, fica-se bombado, e ai vacamos.
Quando vacamos, intencionalmente ou não, corremos risco de machucar ou até morrer. Para aceitar esta situação precisamos estar totalmente consientes de que qualquer coisa pode acontecer. Precisamos ser realistas com todas as possibilidades que possam acontecer para bloquear todas.
Esta concientização é critica para a efetiva e apropriada tomada de decisão. Uma vez concientes de todas as possibilidades que possam vir, podemos efetivamente tomar as decisoes apropriadas que limita as consequencias que nos assumimos.

O preço para escalar no Brasil

Apesar de em crescimento, a escalada no Brasil não pode ser considerado um esporte que está “bombando”. Não tendo o mesmo reflexo a nível mundial. Muitas vezes por culpa de seus próprios integrantes que ao invés de abrirem a porta de seus clubes, fecham. Sei que no Rio de Janeiro, um dos maiores points de escalada, as ações que os clubes de montanha e excursionismo atraem muita gente nova para as pedras, com atividades todo final de semana. Um exemplo a ser seguido em todos os lugares, ao menos em termos de organização.
Muita gente diz que a escalada é um esporte para “malucões” ou gente que se arrisca, mas acredito que essas pessoas dizem isso pela falta de informação, ou por estatísticas gerenciadas pela mídia. É claro que existem muitas fatalidades no ambiente vertical, porém comparadas a outras modalidades, são minorias.
Um dos fatores que ainda segura é o pelo preço dos equipamentos e da escalada. Basicamente alguém que quer iniciar tem que desembolsar uma boa quantidade de dinheiro. Num país capitalista não poderia ser diferente.
Para escalar em um point como o cuzcuzeiro, três picos, salinas ou baú, a quantia desenbolsada é ainda maior, principalmente para quem está bem distante dos famosos points.
Triste para nós é ver esportes menos expressivos ganhando cada vez mais espaços por ai. Para evoluir nos territórios verticais e montanhosos, necessitamos, com certeza, um ego saudável, um ego maduro e, arriscaria dizer, um ego forte. Minha tese de que, mesmo necessitando um Ego maduro e forte para escalar, com a prática da própria escalada podemos fortificar e amadurecer nosso Ego. Escalar pode nos ajudar a forjar aspectos de nossa personalidade, como a auto estima, a consciência corporal, a auto imagem, a sociabilidade, introversão, a extroversão e o caráter. Desde esta ótica, a escalada funciona perfeitamente como via de auto conhecimento. A escalada também pode fazer-nos acreditar em nossas capacidades para transpor obstáculos físicos e mentais. Através de sua prática, emoções como medo, ódio, alegria, paz, inveja, êxtase, podem ser catalisadas e potencializadas.
A escalada é hoje um bem de consumo onde os egos inflados dizem: possuo tantos sétimos graus, possuo tantos cumes de montanha, tirei tais e tais colocações em eventos, fiz tais e tais vias arriscadas, grampeei tantas vias. Ao mesmo tempo que isto pode engrandecer-nos verdadeiramente pode tornar-nos cada vez mais distantes de nossa essência (além do ego). Cada vez me valorizo menos, pois tudo o que sou são "graus de vias", "esticões", cumes gelados ou colocações em competições. A falsa sensação de poder me torna cada vez mais vazio, enquanto busco incessantemente mais e mais feitos e peripécias na montanha para auto afirmar-me. Posso ser obcecado pelo dinheiro, por drogas, por sexo, pelo corpo, por posses materiais e ,finalmente, pela escalada.
Desde que inventaram o capitalismo, as coisas só vão pra frente se tiver lucro. Se voce tiver clientes, um produto vende e etc. Todos os jargões são verdadeiros. Então vale a pergunta. Porque aqui no Brasil a escalada ainda não emplacou? Como negócio principalmente! Não é tão fácil quanto parece achar a resposta. Um dos motivos pode ser que o brasileiro já possui paramâmetros de estereotipos em sua cabeça com relação a cada esporte. Como por exemplo:
Golfe - ricaço / Natação - branco / Surfe - playboy / Triatlon - bitolado / Escalada - malucão / Jiu-jitsu - Brigão / yoga - zen.
E por aí vai. Eu poderia ficar o dia inteiro escrevendo os 'tipos' imaginados e criados em torno dos esportes e suas filosofias . Radicais ou não. Mas vamos pegar 3 esportes ditos radicais.
Surf, Escalada e Corrida de aventuras e dissecar sobre o tema. Há a hipótese de que quem pratica escalada é sempre um durão. Será verdade mesmo??
Como base de comparação temos:
Surf: Prancha de Surf-R$ 800,00 / Parafina-R$ 5,00
Corrida de Aventura: Bicicleta - R$ 1.349,00 / Mochila - R$ 212,00 / Tenis- R$ 230,00
Escalada: Cadeirinha-R$ 132,00 / Sapatilha-R$ 177,00 / Mosquetão-R$ 50,40 / Fitas-R$ 12,25 / Freio-R$ 67,70.
O preço para inciar qualquer um destes esportes é obsceno. Mas porque os dois primeiros tem um apelo de mídia gigantesco? a resposta pode estar nos argumentos usados ao se divulgar o esporte. Os dois primeiros possuem revistas sobre o assunto periódicas, programas especiais e uma promoçao que nao faz juz à emoção. Qual seria o motivo de que algo que empata os negocios nesta área. Pois todos tem como o campo de atuação a natureza. Quem compra este material todo para escalar, acordar de manha é porque é sintoma de esporte apaixonante. De superação. De dedicação. Jogar a culpa neste ou naquele motivo somente nos faz ficar com visão pequena.É compromisso deste blog analisar todos os fatores que fizeram a escalada, qualquer que seja ela, explodir como esporte.

Como utilizar corretamente sua cargueira

Se voce é amante de caminhadas e trekking, ou precisa se locomover com cargas consideráveis, é necessário também ter noções de como organizar e utilizar sua mochila cargueira.

Valem estas pequenas dicas:

Sua espinha vai agradecer muito se você organizar os objetos dentro da mochila de forma simétrica. Ter objetos "espetando" as costas durante a atividade não é nada confortável. Coloque primeiro o saco de dormir, pois ele é leve, não vai forçar os seus quadris e também serve como ótima sustentação para o resto dos equipamentos. Em seguida, procure deixar os objetos mais densos e pesados na parte que ficará em contato com as suas costas, posicionando assim o seu centro de gravidade.Problema: O peso tende a se concentrar no fundo, principalmente em mochilas flexíveis, o que força demais as alças de fixação. Em trilhas suaves, deixe os objetos mais pesados no meio da mochila ou um pouco acima. Já trilhas mais irregulares, em que a mochila ficará balançando muito, exigem que o centro de gravidade seja mais baixo.

- Procure deixar sempre à mão, próximos de alguma abertura na mochila, aqueles objetos essenciais em emergências, como jaquetas de lã e capas de chuva, pois são pequenos e leves.
- O mesmo vale para documentos, pequenas quantias de dinheiro, bússolas, mapas, protetor solar e lanches, que ficam muito bem armazenados nos bolsos externos das mochilas, e não lá dentro onde será quase impossível achá-los sem tirar todas as outras coisas de cima.
- Objetos importantes como os documentos e as chaves do carro devem ficar em um bolso só para eles, pois assim não correm o risco de serem deixados para trás em alguma parada para o lanche.

Solução: Suportes e estruturas dão sustentação, como o Crossbow da Lowe Alpine, sempre auxiliados pelas alças de fixação.

Regulagem

- Use as alças de regulagem para melhor prender a mochila ao corpo. Quanto mais presa ela estiver em suas costas, menos atrapalhará durante a atividade esportiva e maior será o seu conforto.
- A mochila precisa estar fixada confortavelmente em suas costas, sem vácuos ou pontos incômodos.

A parte de baixo da mochila deve se moldar comodamente na parte superior dos quadris, pois lá estarão cerca de dois terços do peso da mochila (as alças sobre os ombros suportam o resto)- Sinta o peso centrado nas costas, ou seja, bem distribuído por toda a mochila. Nunca inicie caminhadas com um lado mais pesado que o outro.- Use as alças principais para colocar a mochila acima de seus quadris, nunca na mesma linha ou abaixo deles. As cintas horizontais, no peito ou na cintura, servem para estabilizar todo o conjunto. A mochila não pode ficar balançando quando você anda.- Confira a largura das alças principais. Em ombros muito largos, as alças principais podem causar assaduras na pele, abaixo dos músculos peitorais, principalmente em caso de longas caminhadas.Mochilas com alças de fixação reguladas corretamente evitam o movimento da carga durante a caminhada, auxiliando o rendimento dos passos .

Conservação - Ao comprar sua mochila estude o tipo de tecido e suas condições quando encharcada. Perceba quais as áreas de inundação evidentes, mesmo sem o texte efetivo na água- Evite ao máximo o transporte de alimentos líquidos dentro das mochilas. Mesmo sem roupas por perto, o derramamento de comestíveis compromete totalmente a higiene, provoca odor e também prejudica a conservação- Esqueça de cuidar da mochila durante as viagens, mas jamais dispense cuidados na volta. Se for o caso, uma boa lavada com sabão neutro e secagem a sombra. Senão apenas um pano úmido e igualmente uma boa secagem- Guardar também é importante. Recolha sua mochila em local seco e ventilado, e guarde-a somente depois de certificar-se de que ela esteja completamente seca- A mochila vai estar com você o tempo todo, durante sua aventura. Apesar de não ter vida própria, vai desejar tanto quanto você descansar limpa e seca, para lembrar de tantas passagens do caminho.

Fonte: Montanhista.bio.br

terça-feira, 24 de março de 2009

É sempre melhor previnir.

Mas ao ser picado por animais peçonhentos (venenosos), aja com cautela e sem desespero. É importante não perder tempo. Algumas orientações básicas são exatamente importantes e podem salvar vidas:
  • Não amarre.
  • Não corte nem fure.
  • Não dê nada para beber ou comer.
  • Mantenha a vítima deitada para evitar ue o veneno seja absorvido rapidamente.
  • Se a picada for na perna ou no braço, estes devem ficar em posição elevada.
  • A vítima deve ser levada imediatamente, deitada, para um serviço de saúde mais próximo.
  • Sempre que possível, leve o animal para ser identificado.
Não se esqueça: O soro específico é gratuito e distribuído pelo Ministério da Saúde.

As picadas de insetos como abelhas, vespas e marimbondos provocam muita dor e assustam, mas os riscos são pequenos, mesmo que as picadas sejam numerosas. Após a picada, há inchaço. Pessoas alérgicas podem, com apenas uma única picada, ter choque anafilático que pode ser fatal. É importante ao socorrer uma picada desses insetos, remover o ferrão com pinças. Vespas e marimbondos não deixam o ferrão. Abelhas morrem depois de picar, deixando o ferrão. Aplique uma compressa fria para aliviar a dor e reduzir o inchaço. Quando a picada ocorrer na boca, dê gelo para a vítima chupar.

Em caso de picadas de carrapatos, esses devem ser removidos o mais depressa possível e colocados em um vidro, para serem examinados em um serviço médico. Os carrapatos podem se vetores de doenças e devem ser retirados com uma pinça, puxando-os pela cabeça em movimentos de vai-e-vem. Não tente retirá-los de uma vez só, pois a cabeça ficará presa na pele.

Os escorpiões são pouco agressivos e têm hábitos noturnos. Encontram-se geralmente em pilhas de madeira, cercas, sob pedras e adaptam-se bem ao ambiente doméstico. Os sintomas mais comuns são: náuseas, vômitos, salivação, tremores e até convulsão.
Podem ocorrer alterações cardíacas, de pressão arteriral, respiratórias e choque. Mais importante que isso é previnir, evitando amontoar sapatos, roupas e utensílios domésticos, examinando e sacudindo-os antes de usar. Manter sempre berços e camas afastados da parede. Evitar acúmulo de ferro velho, telhas, e tijolos perto de residências. Limpar constantemente ralos de banheiros e cozinhas. Os primeiros socorros consistem em transportar o acidentado rapidamente à unidade de saúde para a aplicação do soro específico, se necessário. Ele deve ser mantido em repouso, e não se esqueça de levar o animal que causou o acidente para identificação.

Animais Peçonhentos - Conheça mais

Picadas de Aranhas

Antes de mais nada é preciso reconhecê-las:

• Aranha armadeira (Phoneutria) - É muito agressiva, com hábitos vespertinos e
noturnos. É encontrada em bananeiras e folhagens. Não faz teia. Quando dá picada, há
dor intensa no local, náuseas, salivação, suores e tremores. O tratamento é feito com soro.
• Aranha marrom (Loxoceles) - É pouco agressiva, com hábitos noturnos. Encontra-se
em pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos e interior das residências. Faz teia
semelhante a flocos de algodão. A picada provoca dor semelhante à queimadura de
cigarro. Algumas horas após, surgem edema local e necrose. O acidentado pode
apresentar mal-estar, náuseas, febre e urina cor de Coca-Cola. O tratamento é feito com
soro.
• Viúva-negra (Latrodectus) - É pouco agressiva. Vive em teias que constrói sob
vegetação em arbustos, barrancos e jardins. A picada provoca angústia, excitação,
confusão mental, dores musculares, rigidez do abdome e suores. O tratamento é feito com
soro.
• Caranguejeira - É uma aranha que atinge grandes dimensões. Tem pêlos que
em contato com a pele produzem irritação. Algumas são agressivas. Possuem ferrões
grandes, responsáveis por ferroadas dolorosas. Há dor no local e irritação na pele. Para o
tratamento não é necessário soro.

Animais Peçonhentos - Conheça mais

O ambiente outdoor oferece inúmeros riscos. A atenção é essencial em ambiente que são o habitat natural de animais que podem sentir ameaçados com nossa presença.

Picadas de Aranhas

Antes de mais nada é preciso reconhecê-las:

Aranha armadeira (Phoneutria) - É muito agressiva, com hábitos vespertinos e
noturnos. É encontrada em bananeiras e folhagens. Não faz teia. Quando dá picada, há
dor intensa no local, náuseas, salivação, suores e tremores. O tratamento é feito com soro.
Aranha marrom (Loxoceles) - É pouco agressiva, com hábitos noturnos. Encontra-se
em pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos e interior das residências. Faz teia
semelhante a flocos de algodão. A picada provoca dor semelhante à queimadura de
cigarro. Algumas horas após, surgem edema local e necrose. O acidentado pode
apresentar mal-estar, náuseas, febre e urina cor de Coca-Cola. O tratamento é feito com
soro.
Viúva-negra (Latrodectus) - É pouco agressiva. Vive em teias que constrói sob
vegetação em arbustos, barrancos e jardins. A picada provoca angústia, excitação,
confusão mental, dores musculares, rigidez do abdome e suores. O tratamento é feito com
soro.
Caranguejeira - É uma aranha que atinge grandes dimensões. Tem pêlos que
em contato com a pele produzem irritação. Algumas são agressivas. Possuem ferrões
grandes, responsáveis por ferroadas dolorosas. Há dor no local e irritação na pele. Para o
tratamento não é necessário soro.

Picadas de Cobras

As picadas de cobras geralmente são reconhecidas pela marca dos dentes na pele, pela dor no local atingido, por inchaço e bolas que surgem no local. Toda picada de cobra, mesmo sem qualquer sintoma, merece atendimento médico. Se possível, capture a cobra para identificação no serviço especializado. Apenas 1% das picadas de cobras venenosas é fatal, quando a vítima não é socorrida a tempo.

Como proceder?
  • Dar apoio à vitima e leva-la para um serviço médico.
  • Não remover o veneno por meios mecânicos, pois agrava o acidente.
  • A vítima deve permanecer deitada e quieta.
  • Lavar a ferida com água e sabão.
  • Manter a parte ferida abaixo do nível do coração, de forma que o veneno fique contidono local.
O que não fazer?
  • Não dê álcool à vítima.
  • Não dê sedativos ou aspirina.
  • Não faça ferimentos adicionais para drenar.
  • Não coloque torniquete nem tente sugar o veneno.
A jararaca, jararacuçu do rabo branco, patrona, malha de sapo, etc., quando picam, deixam inchaço, dor e hemorragia no local das picadas. A cascavel, aracambóia, boicininga etc., tem um gizo ou chocalho na cauda. Como sintomas da picada, surgem dificuldades em abrir os olhos, visão dupla, pálpebras caídas, dor muscular generalizadas e urina avermelhada. A coral, coral-verdadeira, boicorá, apresenta coloração em anéis, vermelhos, brancos, pretos e amarelos, em toda sua circunferência. Na picada surge pequena reação local,visão dupla, pálpebras caídas, falta de ar e dificuldade para engolir. A surucucu, pico-de-jaca, surucutinga, é a maior serpente venenosa das Américas, encotradas nas matas fechadas e florestas tropicais. Os sintomas são inchaço no localda picada, dor, hemorragia, diarréia e alteração dos batimentos cardíacos.

Os animais marinhos também podem causar lesões na pele. Assim, os primeiros socorros também são fundamentais, já que essas lesões, em sua maioria, são de difícil reconhecimento.

Como proceder?
  • Tranqüilize a vítima.
  • Impeça que o veneno se solte dos ferrões.
  • Derrame álcool ou qualquer bebida alcoólica ou vinagre sobre a lesão por alguns minutos,para impedir que os ferrões que ainda não destilaram o veneno o façam.
  • Aplique uma pasta de bicarbonato de sódio (fermento em pó) e água em partes iguais sobre o ferimento.
  • Aplique produto em pó sobre o ferimento, para fazer com que as células se agrupem. Talco é suficiente, melhor ainda seria aplicar um amaciante de carne ou papaína, que tem o poder de desativar o veneno. As lesões são geralmente causadas por água-viva ou medusa.
Alguns animais marinhos como o ouriço-so-mar e certos peixes têm espinhos que podem furar a pele. Em caso de perfuração, mergulhe a parte lesada em água quente por cerca de 30 minutos, com o cuidado para não queimar. Em seguida, encaminhe a vítima para o hospital.

No Prussik

Alguns animais peçonhentos na mata atlântica sul

Animais que provocam irritações na pele e nada mais:
  • sanguessugas
  • barbeiros, mosquitos, pulgas e piolhos
  • besouros bombeadores e potós
  • abelhas nativas
  • carrapatos e micuins
  • sapos e certas pererecas verdes

Animais que injetam toxinas, mas sem muita gravidade: (dor local, edema, inchaço, irritação cutânea, prurido, hematoma, pequena necrose, febre, cefaléia, vômitos, mal-estar)

  • aranhas tarântulas, armadeiras e caranguejeiras
  • escorpiões
  • lacraias
  • formigas, abelhas, marimbondos e vespas (quando solitários)
  • cobras-verdes, muçuranas, caninanas, falsas-corais e outras

Animais que injetam toxinas com gravidade média a alta:(muita dor local e geral, necrose local avançada, queimaduras graves, comprometimento da visão, dificuldades respiratórias, problemas cardíacos, problemas renais, óbito)·

  • vespas e marimbondos (em enxame)
  • taturanas, lagartas-de-fogo e bichos-cachorrinho ou bichos-cabeludos
  • abelhas-de-mel (em enxame)
  • aranhas-marrons· serpentes corais e víboras

Complicantes:

  • alergias
  • nervosismo
  • esforço físico
  • distância de tratamento adequado
  • choque anafilático
  • paliativos e drogas não recomendáveis

Medidas profiláticas

  • Usar botas, de preferência de borracha e cano longo. Eventualmente, perneiras.
  • Cuidar com os lugares onde pisa e principalmente onde põe a mão.
  • Verificar roupas e calçados antes de vesti-los.
  • Manter sempre as portas das casas rurais e das barracas fechadas.
  • Combater baratas e ratos, que atraem escorpiões e serpentes como as víboras.
  • Limpar freqüentemente os quintais e terrenos próximos às casas.
  • Não acumular telhas, tijolos e tábuas próximos às casas e por muito tempo.
  • Ao entrar na mata, aguardar alguns segundos até a visão se acostumar ao escuro.
  • Nunca manipular serpentes, aranhas e escorpiões, mesmo quando mortos.
  • Não caminhar sozinho em áreas de alto risco de peçonhentos distantes de socorro.
  • Conhecer o mínimo sobre os animais peçonhentos da sua região.

PRIMEIROS SOCORROS

  1. Manter a calma. A pessoa acidentada deve ficar o máximo possível em repouso;
  2. Lavar o local da picada apenas com água e sabão;
  3. Manter o membro ofendido elevado em relação ao resto do corpo;
  4. Não fazer garrote (torniquete) no membro ofendido;
  5. Não colocar folhas, tabaco, pó de café, fezes ou outras substâncias sobre o local da picada;
  6. Não fazer cortes ou perfurações no local da picada;
  7. Não beber querosene, álcool, bebidas alcoólicas ou outros líquidos que intoxiquem ainda mais o acidentado;
  8. Procurar o mais rápido possível um hospital ou posto de saúde que tenha o soro adequado;
  9. Não é necessário levar ao hospital, junto com o acidentado, a serpente que o agrediu.

Lendas, Mitos e curiosidades acerca dos ofídios

As serpentes são, de longe, os animais mais comuns nas crendices populares, sendo geralmente associadas a idéias pejorativas, como traição, perversidade e maledicência, são, na sociedade de base judaico-cristã, tratadas como seres que devem ser evitados. Por outro lado, em boa parte do mundo oriental, em especial no meio hinduísta, as serpentes são tidas como símbolos de características positivas e são tratadas com respeito.
No Brasil, como em todo o Ocidente, o único modo eficaz de diminuir o preconceito existente contra serpentes, lagartos, jacarés, sapos, morcegos, piranhas, tubarões, aranhas, escorpiões, lesmas, corujas, urubus e outros animais estigmatizados, é a Educação Ambiental. Eliminar esse preconceito é praticamente impossível, já que possui raízes culturais; minimizá-lo, porém, é parte do dever de todos os que se pretendem "ecologistas" ou defensores da natureza.
Pessoas ligadas a unidades de conservação, profissionais que lidam com estudos de campo e professores do ensino fundamental e médio, freqüentemente ouvem histórias sobre a vida das serpentes e suas façanhas. Parte desses relatos espontâneos nos parece imediatamente descabida de sentido biológico, mas uma grande fatia dessas narrativas deixa os menos informados em dúvida quanto à sua veracidade, ainda mais quando o indivíduo que os relata afirma ter vivido atentamente os fatos. As serpentes têm uma vida secreta e misteriosa para a maioria das pessoas; pelo fascínio que exercem, são facilmente mistificadas e mitificadas. Para auxiliar no discernimento dessas "histórias de matuto" ou "do vovô", são criticados a seguir alguns dos mitos que circulam no Brasil, em especial pelo Paraná:
  • A cobra mais venenosa do Mundo é outro conceito extremamente relativo, uma vez que ainda não se desenvolveu um método eficiente de comparação entre os venenos ofídicos a ponto de se indicar a merecedora desse nefasto título. Isso se deve porque ninguém realmente sério se preocupa com tal tolice. Contudo, levando-se em conta a rapidez dos efeitos nocivos ao homem, a alta letalidade e a freqüência de acidentes fatais, devem levar a fama de mais venenosas as taipãs australianas (gênero Oxyuranus, da mesma família das nossas corais verdadeiras). Há que se lembrar, contudo, da brasileira Bothrops insularis (da família das víboras), um caso especial - uma espécie existente apenas em uma ilha do litoral paulista (Ilha da Queimada Grande) e que possui veneno muitas vezes mais potente do que o veneno de uma jararaca normal.

  • A maior cobra do Mundo é um conceito dependente da escala que se adote. Em comprimento, na média devemos esse título aos exemplares da espécie indiana Python reticulatus, que não raramente excede os dez metros. Em peso e diâmetro, porém, a campeã é a sucuri sul-americana Eunectes murinus, que de tão grande se mantém dentro da água a maior parte do tempo de sua vida.

  • Cobras não produzem ninhos, pelo menos não no mesmo sentido que o fazem as aves, os mamíferos e os jacarés. Em geral, a serpente progenitora deposita seus ovos ou pare seus filhotes e, assim que refeita, sai para cuidar da sua própria vida, abandonando-os. Os filhotes paridos, por sua vez, após um breve descanso adaptando-se à vida extra-uterina, também deixam o local de nascimento e desde cedo se viram sozinhos. Aparente "cuidado parental" (ou seja, a prole sob a proteção da mãe por alguns dias) foi observado em algumas cascavéis dos Estados Unidos e talvez ocorra em outras cobras.

  • Cobras não mamam. Na verdade o leite não constitui alimento para as serpentes pois elas não produzem enzimas que o aproveitem. Também não possuem músculos aptos a sugar (mamar), pois esta é uma característica dos mamíferos, como o próprio nome indica. A origem deste mito está entre os escravos de origem africana e é reforçada pelo líqüido branco e viscoso que sai do ventre de cobras prenhes quando elas são mortas por esmagamento ou forte pancada. Os escravos que trabalhavam em ordenha costumavam desviar parte do leite obtido nos dias em que tinham a sorte de encontrar uma cobra grande qualquer pela frente. A serpente era morta e levada ao feitor como sendo a culpada pela pouca quantidade de leite retirado da vaca. Na verdade essa era a única forma de certos escravos poderem dar leite a seus familiares.

  • Cobras não têm chifres. As que comem sapos, rãs e pererecas, os engolem pela cabeça e com o ventre voltado para cima. As patas traseiras do anfíbio, como conseqüência, se distendem para cima e para a frente, dando a impressão de "chifres".

  • Cobras não andam aos pares. É o velho temor do matuto, de que "onde se matou uma, deve-se ter cuidado que a sua companheira deve estar rondando por perto". Cobras só se encontram na época da reprodução e a sua cópula dura, no máximo, dois dias. É só nessa ocasião que duas podem ser vistas juntas.

  • Cobras não silvam ou assobiam. Há até quem diga que elas "piam" e "cantam", mas quem produz esses sons são alguns animais caçados pelas serpentes, inclusive quando estão sendo ingeridos.

  • Cobras não soltam "bafos" que mancham a pele ou que sejam venenosos, como se fala da jibóia. Algumas expelem o ar de seu único pulmão quando estão irritadas e isso de fato assusta os incautos. Suas línguas, que na ponta são divididas em duas partes (diz-se bífidas), também não possuem qualquer capacidade de passar veneno.

  • A única espécie que cospe o veneno (projeta-o para fora da boca por meio de uma abertura frontal em suas presas e não por algum tipo de "saliva") é a serpente africana Naja nigricollis. As cobras do Brasil nem mesmo babam.

  • As cobras não possuem veneno fora do aparato venenoso (glândula, ducto e presa), todo ele concentrado na cabeça do animal. Alguns falam da presença de um ferrão na cauda mas tal crendice se deve ao aspecto incomum do pênis das serpentes, que de fato localiza-se na cauda. Também não há veneno nos "espinhos" que aparecem em cobras mortas ou jogadas no fogo - são apenas costelas e vértebras, em número sempre elevado, que podem aparecer.

  • Agressividade e venenosidade não têm relação direta. Há cobras muito agressivas e não venenosas (como as jibóias, caninanas, boipevas, verdes, cipós, etc) e muito venenosas e não agressivas (como as corais verdadeiras).

  • Cobras não perseguem as pessoas. Podem, quando muito, se lançar na direção das pessoas dando a impressão de que as perseguem. Ao apavorado é a impressão de perseguição que fica.

  • Cobras não escolhem o último ou o quarto ou o quinto homem de um grupo que caminha em fila em uma trilha, para picá-lo. Isso se dá ao acaso, em função só da irritação do animal.

  • Cobras não deixam seu veneno em folhas à beira de rios, lagos, brejos e várzeas para entrar na água, "sugando-o" depois, de volta. O que ocorre é que, na água, as serpentes costumam ficar vulneráveis e dificilmente atacam, pois falta-lhes o apoio (o solo). E há espécies que comem ovos de anfíbios, moluscos e aracnídeos, colocados justamente em folhas à beira d'água, e que tem uma aparência viscosa, diferente de ovos de outros animais (parecem doce de sagu).

  • Lagartos nunca se transformam em cobras ou vice-versa. E também é impossível, biologicamente falando, que uma espécie de serpente se cruze com outra gerando uma terceira espécie ! Alguns crêem que do cruzamento de uma coral falsa com uma jararaca podemos obter uma coral verdadeira. É um grande absurdo, só possível em bruxaria ou ficção.

  • Não existem lagartos venenosos na América do Sul. Os únicos conhecidos no Mundo são os que ocorrem no sul dos Estados Unidos e norte e oeste do México e da Guatemala (Heloderma suspectum e Heloderma horridum, Família Helodermatidae). Em muitos lugares do Brasil se ouve casos de lagartos que, ao envelhecer, tiveram suas patas reduzidas até se tornarem serpentes. No Pantanal se diz que o Teiidae Dracaena paraguayensis é venenoso (recebe até o nome popular de lagarto-víbora). Mas não são reais.

  • O animal conhecido como quebra-quebra ou cobra-de-vidro é um lagarto sem patas e não uma verdadeira serpente. Não possui veneno, portanto. O que se quebra é a cauda do animal e as partes que se separam mantém-se, por algum tempo, se mexendo independentemente, devido a espasmos com origem no seu sistema nervoso. Depois de perdidas, essas partes apodrecem com o tempo, não sendo possível que se juntem formando um "novo" animal.

  • Cobras não têm poder para, abocanhando suas próprias caudas, adotar uma forma circular (de roda) e movimentar-se por "rodagem". Não há músculos e cérebro suficientes para tal. Isso é coisa de desenho animado!

  • Cobras não hipnotizam suas vítimas. Essa crença advém principalmente de observações mal interpretadas de pessoas que freqüentam nossas matas. Serpentes que se alimentam de aves, ovos ou anfíbios, muitas vezes se aproximam de suas potenciais vítimas sem que estas abandonem seu posto; algumas aves até mesmo se postam de bicos e asas abertas diante da serpente, mas não fogem. Em relação às aves, muitas vezes estamos apenas vendo pais que protegem ninhegos ou ovos, e em relação aos anfíbios, em geral esses simplórios seres não percebem a aproximação do inimigo de movimentos lentos e acabam virando refeição.

  • Tampouco existem serpentes que voam. Insetos como a jequitiranabóia é que mantém viva essa lenda. Em certas regiões do Brasil diz-se que ela é uma cobra muito venenosa e voadora, tão peçonhenta que quando pousa numa árvore, esta morre. São encontros fortuitos com o inseto pousado em árvores secas que permitem essa interpretação. A jequitiranabóia é um inseto da Ordem Homoptera (a mesma das cigarras), sugador de seiva vegetal e totalmente inofensivo aos animais e vegetais.

  • Não existem serpentes suficientemente pequenas que possam ser engolidas acidentalmente por pessoas, quando estas bebem água de fontes, bicas ou quedas d'água. O que existe é uma variedade imensa de vermes serpentiformes parasitas ou não, que habitam essas águas e as vísceras humanas. As menores serpentes ao nascer já são grandes demais para que alguém consiga engoli-las distraidamente.

  • Sucuris não engolem bois e nem mesmo terneiros. Nenhuma sucuri (a maior serpente do Mundo em peso e uma das maiores em comprimento) consegue atingir tamanho suficiente para engolir animais assim tão grandes, pois as serpentes não engolem "aos pedaços", mas sim a vítima inteira. Mesmo um ser humano adulto já é grande demais para 99% das sucuris e, embora uma pessoa pudesse caber na barriga dessas cobras, ela geralmente não passaria pela garganta. São desconhecidos casos reais de pessoas engolidas por sucuris. Fotos divulgadas na televisão, no jornal e na Internet, de um adolescente dentro da barriga de uma serpente, sobre um caminhão, são de um acidente com o pitão Pithon reticulatus, da Índia, e não com uma sucuri sul-americana.

  • Não existem pessoas naturalmente resistentes aos venenos das serpentes com peçonha fatal. Há quem foi picado pelas perigosas e não morreu, e há também os que foram picados pelas não perigosas e, obviamente, não morreram (mas pensavam ter sido picados por espécies venenosíssimas). Pessoas "especiais", porém, não existem.

  • Remédios caseiros, benzedeiras, curandeiros e outros xamãs semelhantes, em que se pese todo o valor cognoscitivo das culturas populares, podem servir como paliativos, mas nunca como curativos. Muitos procedimentos caseiros podem complicar gravemente o quadro de um acidentado, levando-o até mais rapidamente a morrer, em alguns casos. Só o soro salva.

  • Vale assinalar que, no Brasil, apenas cerca de 0,4% das pessoas ofendidas por serpentes peçonhentas vão a óbito, ou seja, morrem apenas 4 pessoas em cada 1000 acidentadas com as temidas jararacas, jaracuçus, urutus, cruzeiras, cascavéis e corais. Ou seja, os cães (os melhores amigos do homem) e as abelhas (comuns em livros infantis como um bichinho simpático) matam, no nosso País, tanto ou mais do que as serpentes. Nem por isso se sai pelas ruas matando cães e eliminando ninhos de abelhas! Por outro lado, qual é a atitude normal do brasileiro típico, ao encontrar uma cobra no caminho, na roça ou atravessando a estrada?

  • Se você mata uma serpente que aparece no quintal da sua casa, achando que, com isso, está defendendo seu território, sua família e seus animais de criação, não se esqueça de que quando você vai à mata, você é que está invadindo o "quintal" dos animais selvagens e, portanto, não tem o direito de matá-los.